[o Eduardo me presenteou no domingo com uma postagem especial no seu Blog Viciado, escolhendo o texto As Palavras Justas, como o melhor da semana passada. Me alegra a homenagem pois escrevi esse post depois de alguns dias de inatividade no blog e queria colocar um texto mais "forte".
Na verdade, eu tenho pensado com frequência na tendência que muitos blogueiros tem em revelar suas entranhas nos textos que publicam. Nada contra. Mas, muitas vezes, esses textos escritos de forma rápida e servidos com o grosso caldo da paixão, viram apenas um desabafo, um pedido de ajuda para um confidente. O blog volta a ser então o velho diário. Nada contra o velho diário, mas a proliferação de blogs permitiu também que surgissem pessoas interessadas em tornar essa exposição assunto público, mas de forma controlada, domada. Já não publicam com tanto ímpeto. Não correm para escrever a primeira palavra que chega à mente. Elas medem mais as palavras. Não porque estejam se policiando, se autocensurando, mas porque querem encontrar a palavra certa para exprimir o que sentem. Sem transbordamentos, sem excessos, sem adjetivação (Drummond aconselhava os jovens escritores a usarem um substantivo quando estavam divididos entre dois adjetivos). E procuram, cada vez mais, trabalhar o sentimento com a palavra escrita. Esse é o trabalho literário. Ele dá certo no livro e dá certo na internet, mesmo que a linguagem seja diferente. Mas não é tão diferente assim.
O trabalho do escritor e o do jornalista seguem a mesma trilha, apesar de os textos jornalísticos atuais estarem muito engessados pelos manuais de redação e também pela pouca cultura literária e jornalística dos próprios jornalistas que hoje estão na ativa. Mesmo assim, os jornalistas são incentivados a condensar seus textos, evitar a repetição de palavras e torná-los mais diretos, sem adjetivação nenhuma. Por isso os textos são mais secos (mas não precisam ser desérticos). Uma grave deformação nos jornais de hoje é a extinção da emoção. Para preservar uma suposta imparcialidade, impede-se que o jornalista coloque o que sente em seus textos e pratique um estilo próprio. Nos Estados Unidos, Gay Talese, Tom Wolf e Norman Mailer subverteram o texto jornalísticos com o chamado new journalism. No Brasil, alguns jornalistas quando tentam fazer o mesmo o fazem de uma forma narcisista. É como se dissessem para o leitor e para seus colegas: "veja como eu sou bom, como escrevo bem". E aí o jornalismo vira apenas um exercício estilístico e continua sem a emoção.]
Na verdade, eu tenho pensado com frequência na tendência que muitos blogueiros tem em revelar suas entranhas nos textos que publicam. Nada contra. Mas, muitas vezes, esses textos escritos de forma rápida e servidos com o grosso caldo da paixão, viram apenas um desabafo, um pedido de ajuda para um confidente. O blog volta a ser então o velho diário. Nada contra o velho diário, mas a proliferação de blogs permitiu também que surgissem pessoas interessadas em tornar essa exposição assunto público, mas de forma controlada, domada. Já não publicam com tanto ímpeto. Não correm para escrever a primeira palavra que chega à mente. Elas medem mais as palavras. Não porque estejam se policiando, se autocensurando, mas porque querem encontrar a palavra certa para exprimir o que sentem. Sem transbordamentos, sem excessos, sem adjetivação (Drummond aconselhava os jovens escritores a usarem um substantivo quando estavam divididos entre dois adjetivos). E procuram, cada vez mais, trabalhar o sentimento com a palavra escrita. Esse é o trabalho literário. Ele dá certo no livro e dá certo na internet, mesmo que a linguagem seja diferente. Mas não é tão diferente assim.
O trabalho do escritor e o do jornalista seguem a mesma trilha, apesar de os textos jornalísticos atuais estarem muito engessados pelos manuais de redação e também pela pouca cultura literária e jornalística dos próprios jornalistas que hoje estão na ativa. Mesmo assim, os jornalistas são incentivados a condensar seus textos, evitar a repetição de palavras e torná-los mais diretos, sem adjetivação nenhuma. Por isso os textos são mais secos (mas não precisam ser desérticos). Uma grave deformação nos jornais de hoje é a extinção da emoção. Para preservar uma suposta imparcialidade, impede-se que o jornalista coloque o que sente em seus textos e pratique um estilo próprio. Nos Estados Unidos, Gay Talese, Tom Wolf e Norman Mailer subverteram o texto jornalísticos com o chamado new journalism. No Brasil, alguns jornalistas quando tentam fazer o mesmo o fazem de uma forma narcisista. É como se dissessem para o leitor e para seus colegas: "veja como eu sou bom, como escrevo bem". E aí o jornalismo vira apenas um exercício estilístico e continua sem a emoção.]
Por falar em EMOÇÕES neste ano que o Roberto Carlos completa 50 anos de carreira, .."e são tantas as emoções!!!" que me foi impossível desassociar seu texto de mestre, das as pobres letras das canções do Rei.
ResponderExcluirGrato pela referência ao blog, um dos que fazem parte do "latifundio" segundo você!
Forte abraço