Fui ver no fim de semana Tudo Pode Dar Certo, de Woody Allen. Deu um sabor especial chegar à bilheteria e pedir: "um ingresso para o filme do Woody Allen" e o funcionário entregar o bilhete para o filme certo. Um homem que estava atrás de mim na fila fez o mesmo pedido. Em outro cinema, tenho quase certeza que o atendente não saberia de qual filme se tratava. Essa é a diferença entre ir ao Unibanco e à LIvraria Cultura ou ir a um multiplex da vida e a uma livraria comum.
Gostei do filme, principalmente dos diálogos saborosos e extremamente rápidos. Estava com o Mário Viana e ele fez um comentário que, pensando bem, resume o filme: "Esse é um roteiro antigo do Woody Allen". Nada a ver com a fase europeia do diretor, com temas mais elaborados (Match Point) ou completamente alucinados (Vicky Cristina Barcelona).
De certa forma, Tudo Pode dar Certo tem uma pegada à la Annie Hall, com uma linda mulher tontinha por quem é muito fácil se apaixonar, piadas rápidas e o recurso do personagem falar com a plateia. Está certo que Boris Yellnikoff, o personagem interpretado por Larry David, é uma mala sem alça, em nada lembrando Woody Allen em situações semelhantes. Se Woody interpretasse Boris, não conseguiria ser tão desprezível quanto David. Mas o diretor quer que impliquemos com Boris. Talvez esse seja seu alter ego.
O filme parece realmente antigo e até algumas das referências são datadas, da época em que Allen ainda filmava em Nova York. Mesmo assim, o filme tem momentos muito engraçados. Mesmo sendo um filme menor do diretor é muito melhor que muitos avatares da vida. É o tipo de filme para comentar com os amigos, relembrar as piadas e tentar não esquecê-las no dia seguinte. Na segunda-feira de manhã, antes de ligar o computador para começar o trabalho, você pode dizer aos colegas do escritório: "fui ver o último filme de Woody Allen". E todo mundo vai se interessar para saber dos detalhes e ninguém vai querer perder a chance de assisti-lo. E isso renderá assunto para muitos dias seguidos. Quando Fellini era vivo, era a mesma coisa.
Obviamente eu vou cobrar por ser citado em seu blog. Ainda bem que citado em filme do Woody Allen...
ResponderExcluirMas é aquela coisa, né, Vita? Um Woody médio está muito acima de muita coisa em cartaz...
Ainda não vi, mas já gostei!
ResponderExcluirLuiz,
ResponderExcluirmuito curioso é ler a sua resenha depois de ter lido a do Rui Silvares e a do Fernando Stickel. Cada um destaca alguma coisa diferente, mas todos se reportam ao passado do Wood. Eles gostaram mais do que você! Eu vou ver assim que chegar a São Paulo, pois mais uma crítica, nem preciso mais assistir! srsr
Abçs
Fui, e me decepcionou! O Mário, do comentário acima, tem razão!
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