Apenas um campo de combustível?
[o progresso, decididamente, parece ser inimigo da beleza e da poesia. Brecht alertava que, enquanto dormimos, inimigos invisíveis se aproximam e pisam nas flores de nosso jardim e avançam gradativamente em suas crueldades. Na cidade de Novo dos Parecis (MT), máquinas gigantescas estão pisando e esmagando um campo amarelo de girassóis para transformar essas flores imortalizadas por Van Gogh em óleo comestível e biodiesel.
Li a notícia no jornal Valor Econômico de quinta-feira (30/7). E, ilustrando o texto, uma foto do campo, com as flores do sol espetadas na ponta de caules firmes com seu gigantesco olho amarelo observando o fotógrafo, mas ainda não cientes do perigo que correm. Na visão moderna do pintor holandês, o quadro poderia estar representado por embalagens de óleo ou por caminhões se movimentando nas estradas, movidos pelo combustível ecológico. Lembrei dos bebês focas do Canadá, sacrificados por serem belos e frágeis.
Quando os artistas semeiam o campo, os investidores chegam com suas máquinas; quando as flores desabrocham, são ceifadas e esmagadas. Por que o belo tem que ser sacrificado? Por que a beleza tem que ser fugaz? Deixem as flores morrerem de velhice, deixem-nas perderem as pétalas, uma a uma, e cumprirem seu ciclo. Façam combustível da mamona, da soja e de outras plantas que nunca abriram olhos tão grandes e deslumbrados para o mundo. E nunca inspiraram poetas e artistas. Poupem essas fontes de beleza e deixem que sejam lembradas pela maciez de suas pétalas, pelo design de suas formas e por suas cores quentes. Deixem que elas alegrem os campos e nos façam esquecer da aridez das cidades. Deixem que elas simplemente existam com a única finalidade de nos encantarem.]
[o progresso, decididamente, parece ser inimigo da beleza e da poesia. Brecht alertava que, enquanto dormimos, inimigos invisíveis se aproximam e pisam nas flores de nosso jardim e avançam gradativamente em suas crueldades. Na cidade de Novo dos Parecis (MT), máquinas gigantescas estão pisando e esmagando um campo amarelo de girassóis para transformar essas flores imortalizadas por Van Gogh em óleo comestível e biodiesel.
Li a notícia no jornal Valor Econômico de quinta-feira (30/7). E, ilustrando o texto, uma foto do campo, com as flores do sol espetadas na ponta de caules firmes com seu gigantesco olho amarelo observando o fotógrafo, mas ainda não cientes do perigo que correm. Na visão moderna do pintor holandês, o quadro poderia estar representado por embalagens de óleo ou por caminhões se movimentando nas estradas, movidos pelo combustível ecológico. Lembrei dos bebês focas do Canadá, sacrificados por serem belos e frágeis.
Quando os artistas semeiam o campo, os investidores chegam com suas máquinas; quando as flores desabrocham, são ceifadas e esmagadas. Por que o belo tem que ser sacrificado? Por que a beleza tem que ser fugaz? Deixem as flores morrerem de velhice, deixem-nas perderem as pétalas, uma a uma, e cumprirem seu ciclo. Façam combustível da mamona, da soja e de outras plantas que nunca abriram olhos tão grandes e deslumbrados para o mundo. E nunca inspiraram poetas e artistas. Poupem essas fontes de beleza e deixem que sejam lembradas pela maciez de suas pétalas, pelo design de suas formas e por suas cores quentes. Deixem que elas alegrem os campos e nos façam esquecer da aridez das cidades. Deixem que elas simplemente existam com a única finalidade de nos encantarem.]
Li tudinho, vc é um cara especial, gosto mto daqui.
ResponderExcluirEsta semana sofri agressão das brabas, vc viu? contei no blog, um absurdo.
Estou ainda me sentindo mal, mas já melhorei bem, antes só chorava :(
Bjs Laura
Destruir o belo para alimentar máquinas.
ResponderExcluirLaura,
ResponderExcluirFiquei uns dias desconectado e não sabia o que tinha acontecido com vc. Fui lá no seu blog e deixei uma mensagem de apoio. Situação maluca essa. E perigosa.
Mas não se deixe abater. Continue sua estrada.
Beijos
luiz
Lina,
ResponderExcluirMeu medo é as pessoas não se aperceberem do que está acontecendo. Não sentirem que estão perdendo a paisagem, a beleza. Um dia só verão o campo destruído e a cidade opressiva.
O que é belo não deveria ter outra utilidade a não ser a de ser contemplada...
ResponderExcluirO homem sempre procurando estragar tudo, o mundo...