sexta-feira

Cartas de amor

Minhas mais belas cartas de amor nunca foram enviadas. Ainda as guardo e reconheço com alguma dificuldade a mesma letra que as escreveu há mais de 30 anos. Eram cartas corajosas, reveladoras, poéticas, mas que nunca chegaram ao seu destino. Prefiro pensar que foram enviadas e retornaram sem serem abertas pelo destinatário, carimbadas pelo Correio. Prefiro pensar que o carteiro não encontrou o endereço, ou que decidiu me poupar e não entregou a correspondência. Se isso fosse verdadeiro, eu o agradeceria imensamente. Outra alternativa, que eu nunca quis, é que essas cartas tivessem sido lidas e ignoradas ou que me afastassem para sempre de quem eu queria mais perto de mim. Quase todas dessas mulheres nunca souberam que eu as amei. Mas houve uma excessão: X recebeu a carta e me respondeu de forma muito carinhosa, lamentando não sentir o mesmo por mim. E conversou comigo. Nós trabalhávamos juntos, sentávamos um ao lado do outro, e ela nunca se afastou de mim. Ao contrário, se tornou mais presente para cuidar da ferida até ver a cicatriz.

2 comentários:

  1. Estas cartas, estas cartas... Também guardo algumas (que escrevi ou não) e me perco pensando que resposta teriam se tivessem chegado às mãos de quem inspiraram...

    =)

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  2. Nunca saberemos Graci.... O maior mistério é haver mistérios...
    Obrigado pelo comentário

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