segunda-feira

Minhas seguidoras

Tenho duas seguidoras: Iaiá e Ingrid. Descobri hoje. Ingrid só segue a mim. Iaiá, que tem uma tatuagem no ombro direito (será que é o ombro dela?), segue mais dois. Iaiá gosta de poesia e segue um poeta. Comecei a seguir poetas aos 13, 14 anos, quando descobri Carlos Drummond de Andrade. Pegava um ônibus e ia para a biblioteca pública em outro bairro. Acho que o primeiro livro que pedi para a bibliotecária e levei para uma mesa longe dos demais consulentes (que palavra horrível) foi "Alguma Poesia". Se abria um mundo novo para mim, longe dos versos rimados e metrificados de Raimundo Corrêa que o professor de português insistia em nos fazer decorar. Eu li o livro inteiro. Pedi também Mário de Andrade, Oswald de Andrade e mergulhei fundo, de cabeça.

Ainda hoje, poesia para mim é remédio para a alma, é prece. É contato com o desconhecido. É sair do corpo. Chega a ser metafísico e o máximo grau em transcendência que consegui chegar. Mas se eu me aprofundasse mais, como deveria, acho que levitaria.

Se consegui descobrir algo sobre Iaiá, nada encontrei sobre Ingrid. Não sei o que mais elas podem ter em comum além da letra i do nome. Não sei se são amigas, se estudam juntas, se um dia se encontrarão e lamentarão não terem se conhecido antes que se tornassem minhas seguidoras. Elas podem até suspirar: "por que ele não começou o blog antes, assim teríamos nos conhecido mais cedo". Se eu soubesse que dependeria de mim apresentar as duas, certamente teria sido menos preguiçoso.

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