sábado

["os personagens me perseguem"

Do jornalista e escritor catarinense Salim Miguel:
[na barriga da minha mãe eu já dizia que queria ser só duas coisas na vida: jornalista e escritor. O jornalista precedeu ao ficcionista, mas o ficcionista que eu sou deve muito ao jornalista, porque o jornalismo me ensinou a ter uma maior visão das coisas, a escrever com muita rapidez e a ter a noção do que é essencial no texto. O ficcionista, por sua vez, fez com que eu fosse muito lento para concluir um trabalho de ficção. Quando eu terminava a primeira fase da escrita, quer fosse um conto, uma novela, um capítulo de um romance, eu deixava dormir primeiro por alguns meses e depois retomava para começar a mexer, a cortar. Porque, ao contrário de um amigo meu muito próximo, que faz uma planta baixa da sua escrita, antes de começar, eu, quando começo, eu não sei o que vai sair dali, mesmo porque eu não saio atrás dos personagens, eles é que me perseguem.]

7 comentários:

  1. Passando para agradecer a sua visita e o seu comentario e aproveitando para conhecer o seu Blog.

    Comecei a seguir o seu blog e assim, devagar vou dando os meus pitacos!

    Bom domingo pra ti

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  2. Obrigado pela visita, Cris. Eu também gostei de seu blog. Para quem gosta da Itália, ele traz muitas informações importantes. Como eu gosto, vou virar frequentador assíduo e dar meus palpites por lá.
    Ciao

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  3. Onde começa o jornalista, onde acaba o escritor e onde terá ficado o poeta...
    Não li toda a entrevista. Tentarei ler com mais calma.
    Rime "eu não sei o que vai sair dali" - ontem pensava o mesmo acerca do conto colectivo, rs
    OBRIGADA pela sua participação!
    Nunca pensei que lhe conseguissem dar a volta para ter um final. Mas conseguiram.
    Não sei se apreciou, se se aborreceu. A mesma pessoa pode interferir no guião as vezes que quiser e as "deixas" podem ser maiores.
    Eu gostei. De votar, passámos a romance, depois a filme, depois a sonho, rs
    Um abraço
    Muita criatividade aí!
    Boa semana !
    Beijinhos
    Lília
    PS: Como já se viu, o Ex-critor tem muito talento para palavras, atá originar novos blogues (o latifundio digital), assim, num dos blogues cujas fotos e descrição me fascinam : www.grifoplanante.blogspot.com , o João Menéres, Todas as 2ªs. quinzenas de cada mês, deixa um novo DESAFIO:a escolha do título de uma imagem dele. Dê uma espreitadela se tiver tempo.
    E beijinhos , de Lisboa

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  4. Onde termina o jornalista e começa o escritor? Esse é um tema que me agrada muito e que me persegue há muitos anos, desde que comecei no jornalismo e tive que abdicar da ficção. Mas às vezes os fatos da vida que vejo como jornalista são tão absurdos que mais parecem ficção. E ficção de má qualidade.

    E o jornalismo me permitiu, além de exercitar minha escrita, focar melhor meus olhos para ver o mundo de outra forma. Isso também ajuda o escritor. As duas profissões se auto-alimentam, se completam.

    O poeta, na verdade, nunca existiu. Poesia é ofício muito sério, para poucos. Se o trabalho do ficcionista é árduo, o do poeta mais ainda. Se o escritor precisa cada vez mais cortar as palavras, o poeta precisa escolher as palavras que serão salvas do extermínio, do holocausto. Como isso é difícil.

    Gostei de participar do conto coletivo. Mas acho que ele foi escrito de forma muito rápida. Talvez se tivéssemos mais tempo para pensar no que queremos escrever, o resultado pudesse ser ainda melhor. Aí criaríamos verdadeiros desafios para quem fosse prosseguir a história. O que você acha?

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  5. O ficcionista escrevia
    o jornalista analisava
    o poeta engendrava.

    para os três,
    o mesmo abrigo.
    e desafiavam-se
    e riam uns dos outros
    das facetas sobrepostas
    esbatidas na palete
    e ea sempre a mesma
    a ladaínha no abrigo,

    O ficcionista escrevia
    o jornalista analisava
    o poeta engendrava

    O abrigo,
    sempre o mesmo,
    orgulhoso e sóbrio
    as palavras abriga

    Mas conseguir
    não consegue
    a ladaínha calar
    então,
    numa rendição renhida
    inclina-se,
    ao vento oferece
    o refrão abrigado.

    Hoje, todos sabem
    de côr e salteado,
    pois o vento,
    alcoviteiro e agil,
    a espalhou

    O ficcionista escrevia
    o jornalista analisava
    o poeta engendrava

    Olhe, ía responder-lhe e foi o que saíu, rsrsrs
    Acho que temos muito a aprender consigo.
    Com o jornalista, o ficcionista e o poeta camuflado.
    Quem sabe, não lhe ocorre, colocar aqui alguma rúbrica, tipo "repórter digital" - convite aberto aos bloguistas, num dia específico, a relatarem algo. Isto depois de nos ensinar como se faz. Para desenvolvermos a síntese, escrever claramente mas com entusiasmo. Eu alinhava, logo. Sou uma trapalhona a escrever, rsrs

    Quanto ao conto - que idéias me poderia dar? eu não estou satisfeita no modo como está. Tempo? bem, esse depende da disponibilidade das pessoas. Agradeço todas as sugestões.
    E , afinal, chegou a ir ao blog "latifundio digital"????
    Um abraço e muito obrigada
    sorrisos do Arco-Íris, com afecto português, rsrsrs
    Lília

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  6. Lilia,
    Os versos ficaram divertidos. Gostei. E foram expontâneos, surgiram.

    Interessante sua idéia de "repórter digital". Acho que, no fundo, todo mundo é um pouco repórter, porque gosta de saber das novidades e de contar para alguém. Basicamente isso é jornalismo. Só que o bom jornalista vai mais fundo, ouve mais pessoas sobre o mesmo assunto. Procura (teoricamente) ouvir as pessoas mais bem qualificadas e procura ser o mais isento possível no seu relato. Claro que a isenção total é impossível, porque somos seres humanos. O repórter se comove ao ver o drama humano que ele presencia e isso acaba passando ao leitor em seu texto.

    Acho importante ter olhos para ver e ouvidos para ouvir. Ou seja, querer ver e querer ouvir, saber ver e saber ouvir. O resto é a prática do dia a dia, o conhecimento que o jornalista deve ter sobre o assunto. Eu falaria horas sobre a profissão. Mas não devemos nos iludir, é preciso saber ler o jornal e fugir das muitas armadilhas que ele arma para o leitor, engendradas por interesses que não são os jornalísticos e e nem de interesse público. Essa é uma história complicada....

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  7. Olá e bom dia!
    De Lisboa, de fugida para o Gerês!

    Aínda bem que o improvisao o divertiu. às vezes saem-me estas coisas.
    Bem, se repensar uma rúbrica tipo "repórter digital" estou lá! Mas 1º , tem que nos ensinar a relatar algo importante como se fossemos mesmo repórteres, rs
    Quanto às notícias, faço o meu rastreio. E dias há, que nem televisão ligo.
    Beijinhos
    Lília

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