sexta-feira

[malagueta, perus e bacanaço]

João Antônio em seu ambiente: na mão direita o taco, na esquerda o puxa-saco, usado para sustentar o taco nas bolas mais distantes.

[o livro de estreia de João Antônio, publicado em 1963, traz oito contos e uma novela e é ambientado na zona urbana de São Paulo, tendo como personagens homens da periferia, desempregados, biscateiros, jogadores de sinuca. Malagueta, Perus e Bacanaço é a novela que fecha o livro com chave de ouro. É a história de três malandros (que dão nome ao livro) que se conhecem num salão de sinuca e decidem se unir para ganhar dinheiro com trapaças, jogos arranjados, marmeladas. Estão sempre em busca de locais novos onde possam tirar dinheiro dos otários, como eles dizem. A história foi filmada em 1977 por Maurice Capovilla, com Gianfrancesco Guarnieri no papel de um dos jogadores.
João Antônio sacudiu os padrões literários da época com seu estilo seco, texto sem nenhuma gordura, ambientado nas rodas de malandragem, com seu linguajar característico. João Antônio traçou um retrato sem retoques dos desvalidos de São Paulo. Esse jogo de cintura também foi usado em seu trabalho como repórter. Eu ainda estava no início de minha carreira quando o li, seguido depois por José Louzeiro e Octávio Ribeiro, o Pena Branca, famoso por suas reportagens sobre o Esquadrão da Morte, que originaram o livro Barra Pesada. Não sei se esses livros estão no catálogo das editoras, mas valem a pena ser lidos, principalmente pelos estudantes de jornalismo. Não deixam nada a dever ao new journalism americano.]

Um comentário:

  1. Já ouvi falar nesse jornalista, mas de passagem, sem maiores detalhes. Vou tentar encontrar. Gostei da forma como vc descreveu a forma de ele escrever. Elza

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