sábado

[nariz de gato]

[por uma dessas tragédias que só vitimam as mulheres e que as tornam frágeis presas do acaso, ela só percebeu ao chegar ao trabalho que uma de suas meias de seda preta, que tanto valorizam suas pernas bem feitas, estava com um fio puxado, de cima a baixo. Rasgo notável a quilômetros de distância, na sua avaliação severa. Navalhada implacável em briga de mulheres.
Mas, com a astúcia que também só ocorre às mulheres, usou a tragédia em benefício próprio. Para não tirar as meias, puxou outros fios, agora das duas pernas, e criou um modelo novo, com riscos verticais. Para os homens, tão alheios à moda mas tão atentos às pernas femininas, não poderia passar despercebido, a quilômetros de distância.
Um colega se aproximou e perguntou: "Seu gato te atacou antes de sair de casa?" E apontou suas pernas. Com o raciocínio rápido, que só as mulheres e os criminosos de alta periculosidade sabem esgrimir em sua defesa, ela respondeu: "Não tenho gatos, não suportaria morar com alguém que tem o nariz mais empinado que o meu". E sorriu. Felinamente.]

3 comentários:

  1. Delicioso este continho, adorei.

    lembrei!!! camus, ora bolas- que memória a minha, que saco, estou assim...
    bj Laura
    estou colocando link pra cá hj.

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  2. eu queria tanto ter com quem conversar...
    aqui não dou sorte, não acho.
    a colcha é pela falta de concentração- o livro está na mesa de cabeceira e eu não peguei de novo :) qdo aqui faço outras coisas.
    bom domingo
    Laura

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  3. Preciso trocar a foto do autor. Já tá muito manjada!!!

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