Tatu 1
Os dois meninos esquentavam aquele tipo de discussão filosófica comum na infância, em busca do argumento certeiro para vencer a disputa: eu sou isso, você não é; eu tenho tal coisa, você não tem. Quando o que parecia mais perto da vitória disparou:
- Minha mãe tem uma tatuagem, a sua não tem!
- Tem sim!
- E onde é?
- Num lugar que ninguém pode ver...
- E como você sabe?
- Porque eu vi.
Tatu 2
No metrô, um rapaz sentou-se no banco dos bobos, aquele que fica de frente para os passageiros sentados do lado oposto do vagão. Vestindo bermudas, ele tinha a perna esquerda quase totalmente tatuada com uma espécie de folhagem com espinhos, que se enroscava e subia por sua perna. No seu braço esquerdo, a mesma folhagem saía de baixo da manga da camiseta e prosseguia a trajetória em direção à mão, como uma planta em busca de sol. Na perna direita, outra tatuagem germinava no peito do pé e seus galhos subiam rumo ao joelho. Na primavera ele será um frondoso tronco em harmonia com a natureza.
gosto assim, poético.
ResponderExcluirObrigado Marco. São pequenas cenas cotidianas. A do rapaz no banco do metrô aconteceu mesmo, eu vi na minha frente ele se transformando em árvore.. rsrs
ResponderExcluirMas a dos meninos eu inventei, com uma pitada meio freudiana.
abração